sábado, 10 de maio de 2014

Língua

uma memória
retorna ao ver
algo semelhante guardado
são espinhos afiados
cortando, sangrando
meu coração

para lembrar
das poucas coisas
tuas

memórias
de você
.
.
.
voltam
aos poucos
pra me mostrar
que te perdi
de
vez.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

terça-feira, 6 de maio de 2014

64

é melhor tomar cuidado.
vou dar um golpe de estado
no seu coração.


Açúcar

você
é tão criança
que eu quero cuidar

não posso
sequer pensar
em te abandonar por aí

você
é tão criança
que eu te escolhi
pra amar.

você
       você
você
não sai de mim
e quero que continue assim
me faz tão bem
que não sei nem
como vai ser

somos
nós
contra eu
e você.






Decifra-me


você na cama

e te devoro os
mistérios
cada um,
um por um
os caminhos
do teu peso
os caminhos
do teu corpo
o lençol
vira pele
de nós dois
seus cabelos
são muito mais
depois
eu conheço cada
parte tua
você
é tão linda
quando nua
e eu encontro
as ruas
que levam
pra dentro de você
eu
você
eu
você
você
eu
já não tem
mais diferença

te devoro 
os mistérios
te devoro...
a carne crua
salgada
sa
fa
da.



Ruas

o que importa
se já passou da hora?
se estamos dentro ou fora?
que importa?
se é pra ir embora?
se está trancada a porta?

quem se importa, 
meu amor?
mesmo com toda 
essa dor
a gente (se) suporta
com o mesmo sabor
de novidade

o que importa
se somos diferentes?
se você não é tão quente?
o que importa?
o que eu respondi naquele dia?
era tudo mentira, covardia

o que importa
a sabedoria
a história
a geografia
a física e a biologia
o que importa
Sartre, Einstein, Descartes
Levinas, Heidegger, Drummond
Lispector, Amado, Amaral
se a economia cresceu
se o água faltou 
a luz desapareceu
o que importa?

o que importa
as respostas as dúvidas
a filosofia a religião
o sim ou não
o que importa
eu ter coração se não
tem você?




domingo, 4 de maio de 2014

Indecisos

você
não se ajeita
eu
não me canso
 a gente
não se
aceita.
                                     e ninguém sai de cima do muro...
muromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuromuro